Intocáveis

Publicado em 3 de maio de 2015

Por Mariana da Cruz Mascarenhas 

Uma história de amizade, companheirismo e, principalmente, confiança. Estes são os valores exaltados no espetáculo teatral Intocáveis, que está em cartaz no Teatro Renaissance. Baseada em fatos reais, a trama se passa em Paris e chega a comover o público com a história de Philippe (Marcello Airoldi), um homem viúvo, rico, culto, elegante e que ficou tetraplégico após sofrer um acidente.

No quesito bem-estar, o aristocrata não tem do que reclamar, já que conta com o auxílio de vários profissionais qualificados que lhe atendem em suas necessidades físicas, domésticas e administrativas e desfruta do aconchego da bela mansão na qual mora. Todavia, mesmo com todas as mordomias a que tem direito, Philippe acaba se sentindo muito sozinho, especialmente por não ter mais a companhia de sua falecida esposa, de quem ele ainda sente muita falta e demonstra ter amado muito.

Porém, sua vida ganha mais cor com a chegada de um novo empregado em seu lar: o africano Driss (Ailton Graça), escolhido por Philippe para ser seu novo cuidador. A escolha feita pelo aristocrata chega a espantar sua secretária (Bruna Miglioranza) e sua governanta (Eliana Guttman), já que, entre tantos cuidadores qualificados que se candidataram para a vaga, o homem rico escolhe justamente o mais despreparado e sem nenhuma qualificação para o cargo: Driss.

Com um passado duvidoso, vindo de um bairro de periferia e com uma série de dificuldades econômicas e sociais, o africano acaba conquistando Philippe por uma qualidade que qualificação profissional nenhuma pode suprir: a amizade, simplicidade e alegria contagiante de Driss.

Qualidades essas que chegam a contagiar também quem está na plateia, graças ao excelente trabalho do ator Ailton Graça, que encara seu personagem com naturalidade e confiança. Graça e Airoldi alcançam a sintonia cênica perfeita para praticamente comandarem toda a peça e encantarem os espectadores ao transmitirem uma linda lição: o “segredo do cofre” para encontrar a verdadeira felicidade da vida está nos mais simples gestos do dia a dia, que não requerem dinheiro nem bens, mas apenas um sorriso, uma brincadeira ou uma palavra de consolo.

E é assim que Driss se comporta com Philippe, muitas vezes até mesmo se esquecendo de suas limitações físicas e tratando-o como uma pessoa comum, o que torna o cuidador alguém muito especial na vida do aristocrata, que passa a se sentir “vivo” novamente.

Antes de chegar aos palcos, a cativante história de amizade entre o tetraplégico e seu cuidador conquistou plateias de cinema. Realizado pelos cineastas Olivier Nakache e Éric Toledano, em 2011, o filme francês despertou empatia no público.

No palco do Teatro Renaissance, toda a riqueza cenográfica vista nos telões desaparece para manter o foco apenas na atuação do elenco, já que o palco é composto de apenas um cenário praticamente desprovido de detalhes. Fator este que praticamente passa despercebido aos olhos do público, já que a atuação do elenco se mostra suficiente para trazer toda a emoção da trama e até contribui para que cada ator esteja ainda mais envolvido em seu personagem.

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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