Embalado pela MPB, espetáculo satiriza política e sociedade brasileira

Foto João Caldas 

Carnaval, bom gingado, praias, futebol…. por mais que nosso país seja muito mais do que tais estereótipos que tanto o caracterizam, não há como pensar neles sem associá-los ao Brasil, mesmo que automaticamente. A própria música popular brasileira expressa muitas dessas características de uma forma poética, inspiradora e ao mesmo tempo reflexiva, quando suas letras também nos chamam a atenção para os problemas sociais do país e a necessidade de mudanças.

Os tempos passam, mas o contexto político, econômico e social marcado por desigualdades, corrupção e crises continua a reinar por aqui. Mudam-se os atores, mas permanecem os cenários que ainda assolam a nação. Nessa mescla de exaltação das qualidades e críticas aos problemas sociais, o espetáculo MPB – Musical Popular Brasileiro busca retratar o Brasil. Com direção de Jarbas Homem de Mello, a peça é apresentada ao estilo de teatro de revista. Homem de Mello vem se destacando no ramo dos musicais, principalmente como ator, em razão do seu talento artístico.

Gênero teatral popular que começou no Brasil ao final do século XIX, o teatro de revista destacou-se à época como um retrato sociológico nacional, usando o duplo sentido para expressar suas críticas sociais, mesclando dança, teatro e música, num estilo de humor irônico. Geralmente suas apresentações se constituem em esquetes, que além da música e da dança, fazem apelo à sensualidade intercalada com as sátiras sociais e políticas. É justamente essa miscigenação de gêneros e estilos cênicos que estão presentes em MPB.

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A peça se inicia narrando a cena de uma visita de investidores estrangeiros a uma filial brasileira de uma empresa multinacional, a qual, para impressioná-los, decide montar um grande musical com vasto repertório da Música Popular Brasileira. Para isso, ela convida um antigo diretor de musicais (Marcelo Góes), que não demora a aceitar a proposta de conduzir o espetáculo.

Mas assim que os trabalhos de preparação começam, o nervoso diretor passa por vários estresses, que culminam num ataque do coração e o leva literalmente às portas do Céu, onde ele encontra dois anjos caídos, fugidos do inferno, Jura (Érico Brás) e Gero (Reiner Tenente). Desesperado para voltar à Terra e dirigir seu musical, ele terá que montar um musical em tempo recorde com as estrelas da MPB já falecidas, como condição dada pelos anjos para retornar ao mundo dos vivos.

Uma das grandes responsáveis pelo humor irônico certamente é a dupla de anjos que arranca risadas ao longo da peça. Com trejeitos desengonçados e hilários, os atores Érico Brás e Reiner Tenente estão muito bem em seus papéis, os quais fazem críticas aos problemas do país, sem deixar o humor de lado. A atriz Adriana Lessa também participa do espetáculo, interpretando uma grande estrela de musicais. Vinte canções compõem o repertório do espetáculo, incluindo sucessos de Cazuza, Chico Buarque, Vinícius de Morais, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gonzaguinha, Belchior entre outros.

Serviço:

MPB – Musical Popular Brasileiro

Onde: Teatro das Artes – Shopping Eldorado, Avenida Rebouças, 3970 – 3º piso, São Paulo – SP

Quando: quinta e sábado, às 21h, sextas-feiras, às 21h30, e domingo, às 20h

Quanto: R$ 50 a R$ 100. Vendas na bilheteria do teatro ou pelo site www.tudus.com.br

Até 15 de julho de 2018

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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