É preciso checar

O número de informações que nos chegam diariamente via redes sociais é imensurável. Certamente temos mais acesso às notícias hoje do que tínhamos há 15 ou 20 anos. O problema é a filtragem do que é certo e do que é fakenews (notícias falsas). O número de informações corrompidas e tendenciosas ultrapassa, com folga, a capacidade humana de conferir e averiguar sua veracidade.

Ontem, domingo, 19 de março de 2017, recebi uma mensagem num desses muitos grupos de Whatsapp aos quais somos adicionados por amigos que não nos pediram permissão, com um conteúdo um pouco dramático.

“Homem acaba de pular do 19º andar do Congresso Nacional, em protesto contra a resforma da previdencia. Não foi divulgado o nome.” (sic)

Esse era o conteúdo ipsis literis da mensagem, com erro e tudo. Em baixo vinha uma fotografia do corpo estendido no espero d’água e um vídeo do momento em que a vítima é encontrada. Bem, eu sou desconfiado por natureza. Se o fato aconteceu no Congresso Nacional, algum jornal local teria que ter noticiado. Qual o principal jornal de Brasília? O Correio Braziliense. Fui até o site do jornal em busca da notícia. Não encontrei nada sobre o caso.

Usei então o sistema de buscas. Encontrei a notícia. O fato havia acontecido na sexta-feira, por volta do meio dia e trinta. Seu nome era Adriano de Rezende Naves, Advogado com 42 anos de idade. Não havia uma única menção à Reforma da Previdência.

Imediatamente avisei ao grupo sobre a informação verdadeira e compartilhei o link. Silêncio absoluto. Nem um único comentário sobre o assunto. Algumas horas depois alguém compartilhou outra notícia de veracidade duvidosa e o ciclo começou novamente.

O que fazer? A solução mais racional é sair do grupo, evitar compartilhar informações sem checar antes – por mais tentador que seja – e tentar se manter sempre alerta.

Mas isso tudo é muito cansativo. A maior parte das pessoas que compartilha notícias sem checar a veracidade é a mesma que acusa a mídia tradicional de golpista.

Não digo que não haja abusos nessa mesma mídia tradicional, mas o que tem acontecido com as redes sociais ultrapassa tudo que conhecemos em termos de desinformação.

Mas, o que você acha de tudo isso? Deixe seu comentário. Sua opinião é muito importante para mim.

 

José Fagner Alves Santos

Com imagem de Alistair Williamson

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


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