Brics: é preciso sair da discussão e avançar para a ação


Entre os dias 14 e 16 de julho de 2014, chefes de estado e de governo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reuniram em Fortaleza e Brasília para a VI Cúpula dos Brics, termo criado em 2001 (na época Bric) por um economista do Goldman Sachs, banco americano de investimentos, para nomear os quatro países emergentes que mais cresceram economicamente nos últimos anos. Aproveitando a atenção dada a eles, as quatro nações formaram uma aliança, incorporando a África do Sul no ano de 2011, e passando, assim, a se chamar Brics.

Apesar de existir muito antes de 2009, foi apenas neste ano que aconteceu a primeira reunião formal de cúpula entre estes países, visando elevar seu poder no G20, estimulando uma reforma do sistema financeiro mundial – também do FMI e do Banco Mundial (todos controlados pelos EUA e seus aliados) – e obter maior atenção destas instituições.

Não obstante as inúmeras reuniões e discussões realizadas desde 2009, nada de concreto saiu do papel até hoje. Sem contar que, atualmente, todos os membros dos Brics possuem muito mais divergências do que similaridades entre si. Enquanto a economia da China continua desfrutando de um crescimento elevado, considerado o maior do mundo, o Brasil conta com as menores taxas de crescimento e investimento desde 2011, quase ao lado da África do Sul, cuja taxa de crescimento é a menor dos últimos dez anos. Já a economia russa encontra-se praticamente estagnada, ao contrário da Índia, que continua crescendo, porém é considerado o país mais pobre do grupo.

Mas, mesmo com todo este panorama, parece que, desta vez, o encontro dos Brics não teve apenas discussão. Durante a VI Cúpula, os presidentes das cinco nações assinaram um acordo oficializando a criação do NBD, banco de desenvolvimento que financiará projetos de infraestrutura em países emergentes. Começando com um capital de US$ 50 bilhões, em que cada integrante contribuirá com US$ 10 bilhões, o banco poderá conceder empréstimos também a países em desenvolvimento fora dos Brics. Ainda foi oficializada a criação de um fundo anticrise para auxiliar os países que passarem por sufocos financeiros, cujo funcionamento dependerá agora da aprovação em cada nação.

Diante de um cenário econômico no qual muitos países desenvolvidos ainda encontram-se fragilizados pela recessão de 2008, medidas como o NBD são eficazes para garantir o fortalecimento e a cooperação econômica entre as nações emergentes, tornando-as menos dependentes de instituições como o FMI e o Banco Mundial. 


Por Mariana da Cruz Mascarenhas

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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