Argo



Um filme de tirar o fôlego da plateia com mescla de ação e suspense em cenas muito bem produzidas. Assim é Argo, trama baseada no livro de Antônio Mendez, que narra sua própria história real: ele foi um agente da CIA indicado em 1979 para uma dificílima missão: salvar seis embaixadores norte-americanos ameaçados de morte pelo povo iraniano. O motivo da ameaça se deve ao fato dos Estados Unidos concederem asilo político a Reza Pahlevi – foi Xá do Irã, entre 16 de Setembro de 1941 e 11 de Fevereiro de 1979.

Tal atitude despertou uma fúria nos cidadãos iranianos fazendo com que vários deles invadissem a embaixada norte-americana, localizada em Teerã – capital do Irã. Diante da tamanha euforia, seis dos embaixadores dos EUA conseguiram fugir para a casa do embaixador canadense.

Palco vivo da trama, o Irã foi, em grande parte do século XX, aliado das nações ocidentais, que se voltaram ao Oriente Médio interessadas no petróleo. O ouro negro, que deveria ser fonte de riqueza e desenvolvimento do povo, foi o pomo da discórdia que levou a população explorada e miserável a revoltar-se, depondo o líder iraniano, Xá Reza Pahlevi, e elegendo o progressista primeiro ministro Mohamed Mossadegui, que conduziu o povo a uma série de conquistas e benefícios, que contrariaram o lucro fácil baseado na exploração do Irã pelas petrolíferas inglesas e americanas.

Com ampla articulação do governo imperialista inglês e da CIA, estes financiaram um golpe de estado que reconduziu Pahlevi ao poder iraniano até 1978, quando – insatisfeitos com a crise econômica que assolava o país, a repressão política, a crescente corrupção e as reformas pró-Ocidente – esquerdistas, liberais e muçulmanos tradicionalistas uniram-se ao aiatolá Khomeini para derrubar o governo do Xá Reza Pahlevi. Desde então o país tornou-se uma República Islâmica.

Para salvar os cidadãos norte – americanos presos no Irã, membros da alta cúpula de poder dos EUA se reúnem em busca de uma solução. É neste momento que entra em cena Mendez (interpretado, no filme, por Bem Afleck, que também dirige a produção). – O agente da CIA sugere se passar por um produtor de cinema para recuperar os refugiados do Irã.

Entre a descrença de muitos quanto ao sucesso do plano e a falta de alternativas viáveis para a execução da missão, a ideia de Mendez é aceita e ele vai até Hollywood para conseguir as parcerias e levantar todo o material necessário que o ajudará a assumir o papel de um produtor cinematográfico canadense de um falso filme de ficção científica chamado Argo.

Depois de conseguir tudo o que precisa, ele embarca para o Irã sob pretexto de avaliar cenários para gravar algumas cenas do filme no país e consegue encontrar os refugiados norte-americanos. Mendez explica a eles quem é e o objetivo de sua missão e tenta convencê-los a assumirem falsos papeis na equipe de preparação da produção do filme Argo e assim poderem deixar o país. Após certa resistência de alguns deles temendo que o agente da CIA fosse um iraniano tentando capturá-los, já que as ruas de Teerã estavam praticamente tomadas por iranianos revoltados, dispostos a acabar com os embaixadores, acabam aceitando a proposta de Mendez, pois já não veem outra solução para se safarem da perseguição iraniana.

A partir daí o suspense ganha cada vez mais força se prolongando até ao final do filme sem aliviar a plateia, que fica sob tensão, tamanho o envolvimento com a trama proporcionado pelo diretor. Afleck acerta em cheio ao optar por diversas filmagens em travelling (movimento de câmera para acompanhar o deslocamento de um objeto, personagem ou ação a fim de provocar nos telespectadores uma sensação mais próxima da realidade) trazendo para o público o mesmo campo de visão de cada um dos personagens que tentam sair do Irã sem serem descobertos.

A preferência por mais filmagens em planos fechados, repletos de closes nos personagens, no lugar de planos gerais que ofereçam uma perspectiva visual de todo o cenário em que se passam as cenas, contribui para aumentar a tensão e se aproximar ainda mais da realidade, para que o público sinta o temor dos embaixadores na expectativa do que irá acontecer sem ter a completa noção se serão pegos ou não.
Além do excelente trabalho de direção, Afleck se destaca pela sua atuação na trama passando claramente a caracterização fria e sutil do personagem, que demonstra estar totalmente centrado em seu objetivo, fazendo jus a profissão de agente da CIA.

O filme recebeu sete indicações ao Oscar, incluindo melhor filme. A premiação de entrega das estatuetas acontece no dia 24 de fevereiro.

Por Mariana da Cruz Mascarenhas
Colaboração: Sérgio Eduardo Nadur

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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