360

 

 
 
Com direção de Fernando Meirelles 360coloca os espectadores como meros observadores de uma série de conflitos emocionais envolvendo personagens de diferentes locais do mundo, os quais acabam se interligando e, de certa forma, fechando um círculo de relações.
 
Na trama Jude Law é Michael Daly, um executivo inglês que está prestes a ter uma aventura com uma prostituta eslovaca (Lucia Siposová) em Viena, enquanto a mulher dele (Rachel Weisz), residente em Londres, tenta por fim a um caso que está tendo com seu amante (papel do brasileiro Juliano Cazzaré), cuja namorada (interpretada pela também brasileira Maria Flor) descobre estar sendo traída e resolve voltar para o Rio de Janeiro. No caminho de volta ela conhece um senhor (Anthony Hopkins) que lhe faz companhia durante o voo e um ex-presidiário (Ben Foster) que havia sido preso por diversos crimes sexuais e a encontra no aeroporto de Miami.
 
Um muçulmano – que se apaixona perdidamente por uma russa que é casada, precisa lidar com a árdua dúvida de se entregar a este sentimento ou não, em razão dela ser comprometida e da religião dele possuir preceitos extremamente rigorosos condenando este tipo de amor – também integra esse envolvente círculo de conturbações amorosas entre os personagens do filme.
Meirelles não somente soube colocar o espectador como um observador próximo dos personagens – diante dos planos de filmagem em que a câmera enquadra as cenas focalizando as ações e pontos de vista sobre o ocorrido – nos inserindo dentro do ambiente sem participamos dele como, paradoxalmente, nos coloca no lugar do personagem em razão da sucessão de planos-detalhe e do movimento de câmera que acelera ou diminui na proporção da intensidade emocional das cenas.
Com uma menor parte das cenas filmadas em planos totalmente abertos, esta produção cinematográfica, além de permitir rodarmos 360 graus passando pelos conflitos dos personagens e também pelos países de onde eles se encontram – Eslováquia, Áustria, Inglaterra, França e Estados Unidos, com flashes de uma praia do Rio – inova em seu contexto de um jeito muito bem trabalhado e ressaltado por Meirelles.
 
Nesta trama, que envolve muitas traições, o diretor já nos apresenta logo de cara as situações embaraçosas em que os personagens estão envolvidos, de forma que muitos destes tentarão retornar para os hábitos considerados corretos ao se livrarem de seus amores proibidos e dos fatos que os prendem ao passado. Assim, o diretor traz aos telões uma linha oposta às apresentadas por muitas produções, já que ele começa com relações ou paixões não permitidas e procura convergir para o desprendimento destas ações atingindo um equilíbrio, o qual só pode ser alcançado depois de conhecerem os extremos do certo e do errado.
 
Por Mariana da Cruz Mascarenhas

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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